"No equilíbrio entre a paixão e a
razão, surge o amor..."
Está provado pela ciência que o bebê em
desenvolvimento no útero materno absorve tudo que ocorre à sua volta,
principalmente os sentimentos da mãe - e do pai - em relação a ele próprio.
Sentimentos que podem ser traduzidos na forma como essa criança será recebida
quando nascer. Exemplo: se foi uma gravidez desejada, a tendência é gerar nos
pais bons sentimentos, ao contrário de quando a gravidez for indesejada.
No entanto, o efeito "esponja" não cessa na fase intrauterina, mas
permanece após o nascimento do bebê a agir na relação entre pais e filhos. E o
resultado desse relacionamento se manifestará mais tarde em forma de
comportamento.
Quando falta o afeto necessário na fase infantil, a
criança desenvolve-se com um déficit de amor que repercute em seu
psiquismo provocando-lhe o surgimento de desequilíbrios na área da afetividade.
Alguns casos de depressão na fase adulta, que escondem sentimentos de rejeição
e abandono devido à baixa autoestima da pessoa, são típicos da falta de atenção
e carinho na infância.
Muitos casos de crises ou separações de casais,
refletem a frustração de experiências em que o inconsciente de ambos não foi
contemplado com a necessidade de afeto transferido da figura materna ou
paterna para o parceiro ou parceira, ou seja, permanece o déficit de amor
a fustigar o indivíduo e a provocar-lhe decepções em suas experiências
amorosas...
O amor compreendido como afeto, paixão, carinho, atenção,
respeito e responsabilidade com o outrem, é a energia que alimenta as relações
afetivas. Sem esse "alimento" desde a fase intrauterina do ser, torna-se
difícil o futuro adulto atingir um nível de relação afetiva que o direcione à
felicidade possível com a sua companheira ou companheiro.
Contudo, o
diálogo, principalmente em momentos de crise na relação, pode ser o início de um
processo em que a superação, isto é, a necessidade de tornarem-se
(mais) carinhosos um com o outro, seja a saída de que o casal precisa para
preservar o relacionamento e o amor que ainda resta. E tornar-se
carinhoso é uma condição que se aprende com a prática da afetividade nas
relações, que independe do nível intelectual, social ou do tempo de duração do
relacionamento. Mas fundamentalmente, do diálogo, da conscientização e do
exercício diário do afeto mútuo...
Nesse sentido, o amor responsável é
uma energia que pode alterar um padrão comportamental que trazemos de vidas
passadas e que apresenta em seu histórico uma considerável perda. É por
intermédio da educação que podemos alterar para melhor esse padrão, assim como
nas relações afetivas do adulto, quando o vazio de amor pode ser preenchido
de uma forma transferencial - e compensatória para ambos - através da troca
de carinho diário entre indivíduos associados a uma proposta de crescimento
mútuo.
Quando falta o carinho nas relações afetivas, esse importante
ingrediente pode surgir com a alteração do nível de autoconhecimento
provocado pela psicoterapia individual ou de casais. Mas como vimos
anteriormente, a troca de afeto pode realizar-se também pela superação, que é a
saída mais econômica na tentativa de resgatar ou preservar o amor que ainda
alimenta uma relação.
Somos seres dependentes de amor. Energia que ao
ligar elos multidimensionais da natureza humana, expande a sua harmonia pelo
universo. Portanto, aproveitemos essa energia para resgatarmos - ou renovarmos -
o que encontra-se perdido ou em processo de desgaste, porque para o
amor sempre existe uma nova chance de buscarmos o reequilíbrio - ou o reencontro
- nas relações de nível afetivo.