Como muitos sabem eu não nasci em Luanda (sou mesmo alfacinha de gema), considero-me com costela bem Angolana e com muito orgulho, mas o destino é mesmo assim e quando num belo verão os meus pais vieram cá de férias, cá eu tinha que nascer. Os meus três irmãos nasceram por lá e os meus pais dizem terem sido muito felizes. A vida era outra, as pessoas encontravam-se mais, eram mais amigas umas das outras, convivia-se mais, tudo era mais saudável, sem contar com o tempo fabuloso. Lembro-me de estar horas e horas e ainda hoje, a ouvir o meu pai a contar as histórias lindas que viveram naqueles tempos, lindas e algumas diabólicas. Mas eram as suas histórias, e que tantas eram...consigo fechar os olhos e visualizar o que devem ter vivio naqueles tempos. Entretanto acabaram as férias e a Ana lá foi até Luanda e por lá ainda ficou até aos 3 anitos...se me lembro de alguma coisa??? Tudo muito vago, rasgado...tenho pena.
Numa dessas histórias muitas vezes surgia um casal, o Zé e a Maria do Zé, que mais do que simples "criados" (como eram apelidados na altura) para os meus pais sempre foram mais que isso, principalmente a Maria. Ainda o dizem, foi ela que cuidava do meu irmão João (8 anos mais velho que eu), ia buscá-lo à escola, brincava com ele, dava-lhe comida...enfim...o João adorava a Maria....adorava e adora!
A Maria ainda existe, é uma idosa muito "forte" pois passou por muita coisa na vida. Mas a Maria realmente existe e vive perto de Sesimbra. Como eu fui a únida dos 4 filhos que ela não chegou a conhecer telefonou ao meu irmão e pediu-lhe para eu a ir visitar antes dela se "ir embora" e eu não descansei enquanto não o fiz. Este sabado, dia 26/09, lá fui eu, minha mãe e o Valter, até casa da Maria. Não podem imaginar o peso que me tiraram de cima quando me vim embora...finalmente eu tinha conhecido a Maria do Zé...fiquei em paz.
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